20/07/2019

O operador Laplaciano em coordenadas polares e em coordenadas esféricas

O operador Laplaciano apareceu-me muitas vezes em problemas com equações diferenciais com derivadas parciais, em problemas de electromagnetismo, e mais recentemente em problemas de mecânica quântica. Muitas vezes é necessário fazer uma mudança de variáveis, para coordenadas polares, esféricas, cilíndricas...
Normalmente, as fórmulas são dadas, sem qualquer dedução. Não porque a dedução em si seja difícil, mas porque os cálculos em si podem ser longos e não trazem nada de novo. O problema deste ponto de vista é que há quem nunca tenha visto nem feito uma dedução!
É um mero exercício de cálculo e de aplicação de principalmente da regra da derivação do produto e da regra da cadeia, para quem quiser fazer.
...E que proponho que se faça! Clicando nos botões podem ver a minha solução e a minha resolução. Sugiro que tente fazê-la primeiro!

O Laplaciano em coordenadas polares

Seja f:DR2R uma função real de variável vectorial, ou, como vai ser designação comum neste blog, um campo escalar.
Suponhamos que a função é de classe C2 em D.
O Laplaciano de f é a divergência do gradiente de f. 2f=f=2fx2+2fy2
Considere-se a nova função que se obtém fazendo a mudança de variáveis {x=rcosθy=rsenθ
para r>0 e θ[0,2π[ por forma a que, a nova definição faça sentido.
Por abuso de linguagem, continuemos a designar a nova função por f.
Determine uma nova fórmula para 2f em função das novas variáveis r e θ.

O Laplaciano em coordenadas esféricas

Seja f:DR3R um campo escalar.
Suponhamos que a função é de classe C2 em D.
O Laplaciano de f é a divergência do gradiente de f. 2f=f=2fx2+2fy2+2fz2
Considere-se a nova função que se obtém fazendo a mudança de variáveis {x=rsenθcosϕy=rsenθsenϕz=rcosθ
para r>0, θ[0,π[ e ϕ[0,2π[ por forma a que, a nova definição faça sentido.
Por abuso de linguagem, continuemos a designar a nova função por f.
Mostre que 2f=1r2[r(r2fr)+1senθθ(senθfθ)+1sen2θ2fϕ2]
Nota: Um dia deixo a minha dedução, análoga à dedução da fórmula em coordenadas polares.

01/07/2019

Uma equação com problemas (I)

Há uns meses chegou-me um explicando com o seguinte problema.

Seja kR{0}. Calcule um valor de k de modo que:
πk1(2+sin2(2x))cos1(2x)dx=22π


Ao resolver a equação percebi que a equação era impossível!
Abaixo (botão) deixo a minha resolução feita nesse dia.


Mas, para que não fiquem dúvidas na cabeça mais teimosa, vou provar a impossibilidade daquela equação de outra forma.
Considere-se a função: F(k)=πk1(2+sin2(2x))cos1(2x)dx=24arctg(sin(2k)2)
Ora, como 1sin(2k)1
então 12sin(2k)212
Então isto implica que 1sin(2k)21
π4arctg(sin(2k)2)π4
π21624arctg(sin(2k)2)π216
π216F(k)π216
Esta última condição prova que 22π está fora do contradomínio de F, portanto a equação original é impossível.

Numa última nota:
  • Não percebi porque se exige no enunciado que k0.   Faz-me suspeitar que há algo de errado com o enunciado.
  • Eu 'verifiquei' numericamente as minhas afirmações antes de me dar ao trabalho de escrever isto... podia ter erros nos cálculos.
  • Como sempre, se encontrarem gralhas ou incorrecções, podem enviar-me para cpaulof at gmail dot com

Actualizações:
  • 03/07/2019: cos1 deve ser interpretado como a função secante, e não como a função arco-cosseno, graças aos valores dos limites de integração.
  • 03/07/2019: em vez de kR{0} penso que k deve pertencer a um subconjunto de R{x=π4+nπ2,nZ}, mas não sei. O enunciado não é meu.

  • 09/11/2021: Encontrei uma gralha, mas corrigi... ninguém se deu ao trabalho de me avisar!