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28/07/2017

Da equação dos osciladores harmónicos à exponencial complexa (Versão I)

No blog CarlosPaulices no século XXI mostrei como cheguei à exponencial complexa a partir de uma equação diferencial de primeira ordem.
Agora, que o (novo) programa de Matemática A 12º (ensino secundário, Portugal), inclui osciladores harmónicos, sugiro outra forma de o fazer.
Actualização: Existe uma versão diferente desta dedução aqui, neste mesmo blog
Sejam A>0, ω>0 e φ[0,2π[. Um oscilador harmónico é um sistema constituído por um ponto que se desloca numa recta numérica em determinado intervalo de tempo I, de tal forma que a respectiva abcissa é dada por uma função da forma x(t)=Acos(ωt+φ)
para cada tI
Derivando em ordem a t (neste blog utilizarei ˙x para designar a derivada de x em ordem a t), temos ˙x=Aωsen(ωt+φ)
e consequentemente ¨x=Aω2cos(ωt+φ)=ω2x
Portanto, x(t)=Acos(ωt+φ) é uma solução da equação diferencial ¨x=ω2x
Na verdade, x(t)=Acos(ωt+ϕ) com A>0 e ϕ[0,2π[ arbitrários, é uma expressão geral para todas as soluções da equação ¨x=ω2x

Considere-se agora a função x(t)=eat
, com aR{0} Derivando em ordem a t , temos ˙x=aeat
e consequentemente ¨x=a2eat
Portanto, x(t)=eat é uma solução da equação diferencial ¨x=a2x
Facilmente se reconhece que x(t)=eat também é solução da equação, e ainda que qualquer combinação linear destas duas soluções também é solução.
Na verdade, a solução geral desta equação é x(t)=αeat+βeat

Compare-se agora as equações ¨x=ω2x
e ¨x=a2x
Observe-se que estas equações são a mesma se tivermos em conta que a=iω onde i é a unidade imaginária, (portanto i2=1).
Se admitirmos a validade da segunda solução geral, para valores de a imaginários puros , então temos que αeiωt+βeiωt=Acos(ωt+ϕ)
para todo o tR.
Derivando ambos os termos da igualdade temos iω(αeiωtβeiωt)=ωAsen(ωt+ϕ)
Tomando t=0 nas equações (1) e (2), e obtemos {α+β=Acosϕαβ=iAsenϕ
Que se resolve facilmente em ordem a α e β , obtendo {α=A2(cosϕ+isenϕ)β=A2(cosϕisenϕ)
Substituindo em (1) obtemos A2(cosϕ+isenϕ)eiωt+A2(cosϕisenϕ)eiωt=Acos(ωt+ϕ)
(cosϕ+isenϕ)2eiωt+(cosϕisenϕ)2eiωt=cos(ωt+ϕ)
Nesta equação, podemos tomar ϕ=0 e obtemos eiωt+eiωt2=cos(ωt)
Derivando cada membro da equação em ordem a t temos iω×eiωteiωt2=ωsen(ωt)
que é equivalente a eiωteiωt2=isen(ωt)
Somando termo a termo as equações (4) e (5) obtemos eiωt=cos(ωt)+isen(ωt)
Finalmente, fazendo θ=ωt obtemos
eiθ=cosθ+isenθ

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