Em https://www.facebook.com/share/r/1A5j8LkLf2/, a Inês Guimarães (Mathgurl) apresentou-nos esta propriedade:
Em qualquer parábola, se traçarmos uma paralela à tangente ao vértice que passa pelo foco, ela corta a parábola em dois pontos, A e B.
O quociente entre o comprimento do arco de parábola que une os pontos A e B e o comprimento do menor segmento que une o foco à directriz é constante.
Vamos chamar P a essa constante, e ainda temos que P=ln(1+√2))+√2
Este P é designado por constante universal das parábolas.
A afirmação de que P é constante é gira... A primeira coisa que me ocorreu foi "eu acho que sei provar isso". E de facto, sei. E provei. Deixei o meu rascunho manuscrito na minha página do facebook . Hoje vou apenas reescrever essa prova aqui, com mais algum cuidado.
Sem perda de generalidade, vamos supor que a equação da parábola é y=ax2+bx+c
com a>0 e b,c∈R. Na verdade, para a afirmação feita eu até podia considerar b=c=0, mas não o vou fazer.
Neste blog, no post do dia 22 de Agosto de 2024 eu mostrei que as coordenadas do foco desta parábola são (xF,yF)=(−b2a,1−Δ4a)
onde Δ=b2−4ac
Então, para determinar as coordenadas dos pontos A e B apenas tenho de resolver a equação ax2+bx+c=yF
Ou seja
⇔ax2+bx+c=1−Δ4a⇔ax2+bx+c=1−b2+4ac4a⇔4a2x2+4abx+4ac=1−b2+4ac⇔4a2x2+4abx+b2=1⇔(2ax+b)2=1⇔2ax+b=±1⇔2ax=−b±1⇔x=−b±12a
Assim sendo temos
A(−b−12a,yF) ; B(−b+12a,yF)
O comprimento do arco de parábola é dado pela conhecida fórmula
l=xB∫xA√1+(y′)2dx
Onde xA e xB são as abcissas dos pontos A e B, respectivamente.
Portanto, vamos lá a isso l=xB∫xA√1+(y′)2dx=−b+12a∫−b−12a√1+(2ax+b)2dx
Para calcular este integral dá-me jeito usar a substituição shγ=2ax+b ou seja γ=argsh(2ax+b) e x=shγ−b2a que nos leva a dxdγ=chγ2a
por outro lado
x=xA⇒γ=argsh(−1)=−argsh1
x=xB⇒γ=argsh1
Então
−b+12a∫−b−12a√1+(2ax+b)2dx=12aargsh1∫−argsh1√1+sh2γchγdγ=12aargsh1∫−argsh1ch2γdγ=12aargsh1∫−argsh11+ch(2γ)2dγ=14aargsh1∫−argsh11+ch(2γ)dγ=14a[γ+sh(2γ)2]argsh1−argsh1=14a[γ+shγchγ]argsh1−argsh1=14a[2argsh1+2sh(argsh1)ch(argsh1)]=12a[ln(1+√2)+1√1+1]=12a[ln(1+√2)+√2]
A distância entre o foco e a directriz, é o dobro da distância do foco ao vértice.
Assimd(F,V)=2(yF−yV)=2(1−Δ4a−−Δ4a)=12a
.
Notem que b e c desapareceram dos cálculos, portanto, eu podia mesmo ter desaparecido com eles logo no princípio.
Assim, finalmente P=12a[ln(1+√2)+√2]12a=ln(1+√2)+√2
Será que existem "constantes" deste tipo para as hipérboles e elipses?
Eu tenho a resposta... mas vão ter de esperar, ou tentar chegar lá sozinhos.
PS: Para quem ainda não sabe, em Setembro de 2024, durante uma crise convulsiva, eu parti uma vértebra. Sinto dores até hoje... Portanto os meus posts passaram a ser ainda mais irregulares. Podem ir passando por aqui.
É uma pena que não se trabalhe nas UC´s a fórmula do comprimento de um arco. Ignora-se algo que para mim é muito útil na aplicação do cálculo integral. O foco é apenas no cálculo de áreas. Sim, podes ignorar o b e o c. Aliás, podemos sempre considerar uma nova origem por translação e aí desaparecem os dois termos. Mas assim fica claro da universalidade!
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